18 de jul. de 2011

3º Dia - Ler, Uma Gostosa Brincadeira

Segunda-feira. Dia de mais uma oficina do conto. A manhã nublada e levemente fria não diminuiu a nossa alegria. (até rimou)

Abri a sala, junto com a Katia e sua filhota Eloisa, que estavam à carater para contar história, com "pó de pirlimpimpim" no rosto e tudo. A Nice chegou em seguida, acompanhada pelo Júnior, o Allan e a Natália.

Iniciamos a primeira etapa da oficina, que é a formação de contadores de história, sob a orientação da Nice que, além de psicóloga, também é fonoaudióloga.

Formamos uma roda e fizemos uma série de exercícios de alongamento e respiratórios, que nos ajudou a soltar o corpo e a sentir o ar que entra e sai de nossos pulmões, algo que, por ser automático, nem sempre nos damos conta.

Num desses exercícios, um dos mais criativos, cada um deitou de costas e colocou uma almofada na barriga. Ao inspirar a almofada deveria subir e ao expirar, descer. Com isso, explicou Nice, treinamos a coordenação entre fala e respiração para, na hora de contar uma história, termos maior fluência verbal. E, de lambuja, evitamos as dores da tensão no pescoço.

Depois dessa sessão revigorante, passamos para uma brincadeira. Sentados em roda, uma pessoa fica no meio, de olhos vendados, e outra, fora, em pé. Assim que a pessoa no meio coloca a venda, todos mudam de lugar.

A pessoa que está fora, em pé, toca na cabeça de alguém sentado e esta tem que imitar o som de um animal qualquer. Se quem está de olhos fechados, adivinhar quem é, troca de lugar com ela. Caso contrário, tudo continua como está.

Após muitas risadas, a Nice propôs outra brincadeira divertida. Assim, todos formamos uma fila, um ao lado do outro. A Nice falava uma frase. Se fosse verdade, cada um dava um pulo para a frente e se fosse mentira, um pulo para o lado direito. Isso tinha que ser rápido. Quem ficava pensando na "morte da bezerra", perdia. Por exemplo:

Avião voa = verdade (pulo para a frente)
Gato pia = mentira (pulo para a direita)
Árvore anda = mentira (pulo para a direita)
O Sol brilha = verdade (pulo para a frente)

Assim, com essas brincadeiras implementadas de forma consciente pela Nice, desenvolvemos a atenção, a localização sonora, o processamento e a memória auditiva, que são fatores super importantes para a leitura.

E falando nisso, chegou o momento de escutar o Allan ler uma história do livro "A Raposa e a Cegonha".

A raposa convidou a cegonha para almoçar na sua casa e, aprontou uma, pôs a comida em pratos rasos e pequenos, de tal forma, que a cegonha, com seu bico enorme, não conseguia comer. A cegonha, inconformada, resolveu dar o troco. Passado algum tempo, ela convidou a raposa para ir tomar um café da tarde em sua casa. Ela aceitou. Chegando lá, os quitutes estavam dentro de jarras de vidro com a boca comprida e bem estreita. A cegonha, com seu bico extenso, não teve problemas para se servir, mas a raposa ficou olhando pras guloseimas, sem conseguir provar nem um docinho.

O Allan leu a história de forma pausada e teve o cuidado de ilustrar cada passagem mostrando as ricas e coloridas ilustrações da obra.

Puxa, deu pena da raposa, mas também da cegonha, que acabou se vingando da amiga.
Será que a raposa aprendeu a lição dessa forma? Não seria melhor se, ao invés de se vingar, a cegonha tivesse conversado com a raposa sobre o que ela fez, e como isso a afetou? Talvez a história terminasse de uma outra forma, com as duas bem alegres, tomando um delicioso chá, com direito a bolo, doces, e tudo o mais.

No final desse encontro, recebemos a visita da jornalista Camila e da fotógrafa Andréa, do "Diário do Grande ABC", que entrevistou a Alcione, a Katia e tirou várias fotos do espaço, inclusive da nossa oficina.

Fizemos uma roda especial de contação de piadas e "causos" engraçados, para a Andréa captar vários momentos gostosos. Um deles ilustrou a matéria que saiu no dia seguinte (19/07/11), no jornal, intitulada "Chácara é espaço de lazer em Mauá. Escondido em meio a estradas de terra, Jardim Itaussu conta com entidade assistencial."

À tarde a oficina ficou cheia de crianças e ainda mais alegre.

Eu e a Kátia contamos com a ajuda do Allan e do Júnior que, aproveitando as férias da escola, resolveram ficar. A Eloisa também ficou.

A Laura, acompanhada pela irmãzinha Letícia, chegou, seguida pelo Jackson e 4 novas crianças, com idade entre 6 a 9 anos: a Ester, o Filipe, a Vitória e o Jadson, irmão do Júnior.
Começamos nos apresentando, e já passamos às brincadeiras. Foi escolhida uma que as crianças gostam muito "Gato Mia".

A primeira a por a venda foi a Vitória, seguida pela Ester e depois por mim. Nos divertimos à valer.

Depois de muito corre-corre, as crianças decidiram mudar para "Lencinho na Mão".

Após cada cantiga, e a promessa de não olhar, vinha a emoção do pega-pega e, claro, gente "guardando caixão". Para quem não se lembra, "guardar caixão"  é quando a pessoa, que recebeu o lenço, fica rodeando o lugar onde o outro deve sentar, antes de ser pega por ela.

Várias rodadas, literalmente, e chegou o momento de ouvir uma história, que foi contada pela Katia.

Ela escolheu um livro que trazia o clássico infantil "Branca de Neve e os Sete Anões".
As crianças, aos poucos, foram se envolvendo com a história e participando da narrativa. Até o Júnior foi flagrado numa foto, segurando um sapo, com pose de príncipe à sonhar com sua bela princesa.

Para encerrar, as crianças encenaram a história, numa peça teatral. Cada uma escolheu um papel. A  Laurinha fez a Branca de Neve, a Vitória a Madrasta, a Ester o Espelho, o Felipe o Caçador, o Jackson o Príncipe. O Jadson e o Allan foram os Anões.

A peça contou com a narração do Júnior.

Foi muito gostoso vê-los em ação colocando um pouco deles em cada papel, no que se constituía numa alegre brincadeira.

Com um momento muito esperado pelos pequenos, onde eles lêem ou inventam histórias à partir da imagem dos livros, a nossa viagem foi chegando ao fim. Algumas piadas, que eles apreciam muito, também foram contadas e arrancaram gargalhadas gostosas.

Ler, tem sido, cada vez mais, uma brincadeira, onde o livro se transforma num brinquedo mágico, em que as imagens saltam das páginas, criam vida, e passam a fazer parte do universo sem fim de todos que estão na roda.

Pisar no tapete da oficina, é quase como pisar em solo sagrado.

Tiramos os sapatos, tênis, chinelos e os pés do chão. Voamos sem sair do lugar, para outros mundos que existem dentro de nós. E, qual exploradores, vamos lá, onde a pureza de nossa criança interior prossegue intocável e é resgatada à cada nova história, à cada nova brincadeira.

Almir

2 comentários:

Edna Maia disse...

Mais uma vez parabéns Almir, pela oficina, pelo blog e principalmente pelo carinho nesse trabalho de amor com as crianças.

Chácara das Flores disse...

Obrigado pelo seu carinho, Edna! Bj. Almir