1 de ago. de 2011

Dia 5 - A Flor da Honestidade



















Eram 8 horas. A manhã estava muito bonita. O vento forte soprou as nuvens pra bem longe e deixou o céu todo azul.

Eu e a Katia chegamos cedo e logo em seguida a Talia, junto com o Victor e o Jackson. Depois do intervalo se ajuntaram a Vitória, o Jadson e a Nice.

A formação ficou por conta da Katia, que começou com a mímica para aquecer.

A Talia acertou de primeira e já foi representar o nome de um filme. À cada nova mímica, mais o pessoal se soltava, deixando transparecer toda a sua criatividade teatral.

Depois a Katia pediu às crianças para ficarem desenhando lá fora. Enquanto isso, ficamos no salão com a Talia, para preparar ela para contar uma história para eles.

Propomos o livro "Haroldo Vira Gigante" de Crockett Johnson. Para que ela se familiarizasse, li a história de Haroldo, um menino que com o seu lápis e uma imensa imaginação cria todo um mundo, com casas, cidades, montanhas, florestas, mar, nuvens, aviões, trilhos. Nesse mundo imaginário ele viaja e vive ora como um enorme gigante e ora como um ser bem pequenino, menor do que uma margarida.

A Talia decidiu contar outra história e foi além, organizou e dirigiu duas peças teatrais com as crianças. A primeira foi "Branca de Neve e os Sete Anões" e a segunda uma adaptação de um conto de fadas ao estilo Cinderela, com direito a dragão e poções mágicas.

Após o café, preparado com carinho pelas tias Edna e Enói, contei a história do livro "A Semente da Verdade", recontada por Patrícia Engel Secco e adaptada por Luís Norberto Pascoal, da Fundação DPaschoal.

Essa história veio da China antiga, na época em que o imperador reinava absoluto. E um imperador, já com a idade avançada, estava preocupado pois, como não havia se casado não tinha um filho para sucedê-lo.

Mas, como escolher uma criança, dentre as milhares que existiam no reino?

Após consultar seus conselheiros e muito meditar teve uma idéia. Convocou todas as crianças para irem ao seu palácio, anunciando que iria lançar um desafio e que aquele que o vencesse se tornaria o próximo imperador.

No dia e hora marcados, lá estavam no enorme jardim de frente ao palácio, milhares de crianças, ansiosas por saberem qual era o desafio que o imperador iria propor.

Após ser anunciado ele apareceu no alto da escadaria e disse em tom solene:

- Crianças, sejam bem vindas!

- Meus serviçais irão entregar para cada uma de vocês uma semente. Daqui ha exatos um ano, quem me trouxer a flor mais bela, será escolhido como o meu sucessor.

Assim, cada criança ia recebendo uma semente das mãos dos servos.

Uma dessas crianças, era o Thai. Ele era um menino bem pobre, orfão de pai e mãe, que vivia com seu avô e adorava plantas. Quando ele apanhou a semente minúscula, seus olhos brilharam, pois ele não pretendia se tornar imperador. Seu desejo era bem mais simples:

- Vou agora mesmo plantá-la, com todo o carinho. O que mais quero é poder cuidar do jardim do palácio. Como é maravilhoso esse jardim! Quando o imperador ver o quão bom jardineiro eu sou, com certeza, vai permitir.

De volta a sua casa, ele pegou um vaso de barro, colocou terra, fez um buraquinho, depositou a semente dentro dele, cobriu com mais terra e regou.

- Pronto! Agora é só esperar e cuidar.

Todo dia, assim que despertava, a primeira coisa que fazia, antes de mesmo de tomar café era ir ver o vaso.

Ele estava ficando preocupado, pois já havia se passado um mês e nada nasceu, nem um brotinho.

Dois meses e..... nada.

Três meses e.... nada.


Ele usou todas as técnicas de jardinagem que conhecia. Pediu ajuda a outros jardineiros. Construiu uma pequena estufa, usou outros tipos de adubo, e....nada da flor nascer.


Thai conversava com a sementinha todo dia. Ele adorava conversar com as plantas e jurava que elas respondiam e cresciam muito mais bonitas, pois estavam felizes.

- Puxa, sementinha, porque você não nasce? Eu não sei que tipo de flor você é, mas já gosto de você. 

Assim, o tempo foi passando e Thai foi ficando cada vez mais triste, ao ver que todos os seus esforços eram em vão. E que seu sonho de cuidar do jardim do palácio ficava cada vez mais distante.

E então um ano se passou e chegou o grande dia.

Seu avô percebeu que o Thai não saiu do quarto aquela manhã. Então, ele foi até la e encontrou o menino chorando.

- Oh, meu bom Thai, o que está acontecendo? Por que chora? Assim você vai se atrasar para a cerimônia no palácio.

- Eu não vou vovô! Respondeu o pequeno.

- E porque?

-  Por que não tenho nada para mostrar ao imperador. Veja vovô, um vaso sem planta. Como ele irá me contratar desse jeito, se não consigo fazer nascer nem uma florzinha?

- Oh, meu Thai. Você fez o seu melhor, e isso é muito precioso. Vá e apresente ao imperador esse vaso, onde você depositou mais do que uma simples semente, mas o seu próprio coração.

- Seu avô lhe deu um beijo e saiu. Thai enxugou as lágrimas e decidiu ir. Afinal, pensou, mesmo sem flor, posso ficar mais um pouco perto do jardim do imperador.

Quando chegou no Palácio, haviam centenas de crianças, cada uma com uma flor mais linda do que a outra.

Thai olhou para o seu vaso vazio e ficou ainda mais triste.

Cada criança era chamada para apresentar seu vaso diante do imperador, que olhava tudo impassível sentado no trono, no alto da escadaria.

Thai estava tão envergonhado de não ter nada para apresentar ao imperador, que foi andando pra trás e deixando todos passarem na sua frente.

Mas, ao final do dia, não teve mais jeito de escapar. Chegou a sua vez de ficar diante do imperador.

Cabisbaixo, chorando baixinho, ele se abraçava ao vaso só com terra.

Para o espanto de todos o imperador, que havia permanecido sentado e sério o dia todo, se levantou e começou a descer a longa escadaria.

Não se escutava uma só mosca, apenas os passos do imperador, que era acompanhado por todos os olhares.

Ele parou diante do menino, se ajoelhou e deu um longo abraço nele. Foi um abraço tão gostoso que o Thai parou de chorar.

Então o imperador sorriu e disse:

- Não precisa mais chorar, meu bom menino. Afinal, você foi o único que plantou a flor que o tornou digno de se tornar o próximo imperador. É a flor da honestidade, já que todas as sementes que entreguei foram queimadas e, por isso, eram estéreis.

Dizem que após a morte do imperador, Thai se tornou um grande governante, conhecido em todo reino pela sua justiça e bondade.


Após a história, conversamos um pouco com as crianças, que disseram terem gostado muito quando o imperador abraçou o Thai.

Elas desenharam e depois saíram para o almoço.

À tarde assistimos, com os jovens monitores, um vídeo com a talentosa Ana Luisa Lacombe, contando a história do livro "A Árvore Generosa" de Shel Silverstein. Para acessar a página onde se encontra esse vídeo, clique no link abaixo:

Vídeo "A Árvore da Vida"


Depois iniciamos uma discussão sobre as características em comum em todo contador de história, observando a performance primorosa da Ana Luisa.

Resumimos os passos preparatórios para se contar uma história num acróstico, o AIDA:

Atenção - Primeiro precisamos chamar a atenção de quem pretendemos contar a história.

Interesse - Depois criar o interesse pelo enredo.

Desejo - Em seguida precisamos despertar o desejo de ouvir a história.

Ação - E isso tudo gera a ação de ouvir atentamente a história.


Na sequência brincamos de "Lencinho na Mão" e ouvimos o Júnior e a Nathália contar a história do livro "Haroldo Vira Gigante" de Crockett Johnson.

Durante o conto, para treinar, fizemos o papel das crianças e simulamos os comentários e interrupções comuns dos pequenos.

Na próxima semana, que será a das inscrições, combinamos de cancelar a oficina com as crianças, para termos às 10 horas e depois às 14 horas uma reunião de planejamento com os jovens monitores.

Almir

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