Esse é o diário da Oficina do Conto. Conto e Encanto em Qualquer Canto é o nosso lema. Por isso, se prepare para ler notícias do nosso e de outros cantos onde o conto se faz presente. Essa oficina foi concebida à partir do projeto "Contando Estórias. Construindo Referências", da psicóloga Katia Bessa. Ela ocorre toda semana, com crianças de 5 a 12 anos, em Mauá - São Paulo, na Biblioteca Viva da Chácara das Flores, montada pelo Projeto LER do Rotary Club.
11 de jul. de 2011
2º Dia - É Gostoso Ser Quem Sou
É gostoso ser quem sou. A auto-aceitação foi o tema que permeou todas as atividades, leituras e discussões do segundo dia da Oficina do Conto.
O dia estava lindo. O céu azulado, sem nuvens, era emoldurado pela mata virgem da Chácara.
Iniciamos às 9 horas, Eu, Katia, Nice e os jovens facilitadores Allan, Sheila, Vilmara e dois novos participantes: Júnior e Natália. Claro que não poderia deixar de citar a presença da linda filha da Katia, a pequena Eloisa, de 4 anos.
Formamos uma roda, demos as boas vindas ao novos integrantes e todos se apresentaram mais uma vez.
Nesse dia, Eu fiquei responsável por coordenar o encontro. Iniciamos pelas brincadeiras com a finalidade de aquecer e descontrair. Perguntei se alguém sugeria alguma e a Sheila propôs a tradicional "Lencinho na Mão". Todos toparam.
Sentamos em roda e, de olhos fechados, começamos a cantar:
Lencinho na mão
Caiu no chão
Moça bonita do meu coração
Galo que canta "Coro Có Có"
Chupa cana com um dente só
E quem estava com o lenço na mão (no caso era um anel), em pé, fora da roda, perguntou:
Posso jogar?
Respondemos:
Pode
Ninguém vai olhar?
Não!
Então, feche os olhos e a boca também, Amém!
Aí cada um esperou o sinal "Pode abrir" para ver se o "anel", que fazia o papel de lencinho, estava atrás. E com o anel na mão, correr atrás de quem havia colocado e pegá-lo, antes que ele sente no seu lugar.
Depois de algumas rodadas, o grupo pediu para brincarmos de "Gato Mia", descrita no relato do primeiro dia. Providenciamos uma venda para quem iria procurar os demais.
E para completar, brincamos do jogo de mímica. Um voluntário fazia uma mímica para o grupo, informando antes sobre o que se tratava: música, ator, filme, desenho animado, etc. Quem descobrisse o que era, ou o nome do filme, do ator, da música, e assim por diante, era o próximo a fazer uma mímica.
Foi divertido e rendeu muitas risadas.
Com essas brincadeiras, estimulamos o desenvolvimento das múltiplas inteligências, teoria proposta pelo psicólogo Howard Gardner. Foram trabalhadas a inteligência linguística, através do ouvir e do falar, a cinestésica pela movimentação no espaço, com os olhos abertos e vendados, e pelo toque e a inteligência interpessoal, ao nos relacionarmos uns com os outros, nos colocando em seu lugar.
Em seguida, a Sheila e a Vilmara, contaram a história do livro "Bullying na Escola", que era de uma menina, cuja beleza despertou a inveja de algumas colegas de classe, que passaram a espalhar mentiras sobre ela: que ela não tomava banho, seus dentes eram postiços, que ela era metida e se achava melhor do que os outros. Isso fez com que seus colegas se afastassem e caçoassem dela e a deixou muito triste.
Ao terminar a história, iniciamos uma discussão sobre o Bullying.
Alguns jovens disseram que já presenciaram casos desse tipo de violência onde estudam. Uma das jovens, inclusive, relatou que já foi chamada de feia pelos colegas de classe, e ficava muito triste quando isso acontecia.
O Júnior contou a história de um rapaz "baixinho", de uma escola em que ele estudava, em São Bernardo do Campo. Ele era um ótimo jogador de futebol. Deixava muito marmanjo no chinelo dentro do campo. Por isso, os colegas descontavam os dribles, "zoando" ele na classe e no intervalo. Mas, concluiu o Júnior, ele não se intimidava, e continuou fazendo o que mais gostava: jogar futebol e, claro, muitos gols.
À partir desses relatos espontâneos, a Katia questionou sobre o que sentimos diante dessas agressões físicas e psicológicas, e o que fazer aos nos deparmos com essa situação.
Nesse instante compartilhamos nossos sentimentos de indignidade, de tristeza, e também a alegria de podermos ser quem somos, aprendendo a não fazer aos outros, o que não desejamos que nos façam.
À tarde, vieram a Laurinha, a Talia de 12 anos, junto com o Vitor e o Jackson de 7 anos, cada.
Depois chegou a irmã da Laurinha, de 3 aninhos pra brincar e ouvir historinhas.
Foi uma festa.
Eles já chegaram querendo ler. Cada um pegou um livro e foi direto para o tapete.
Depois das apresentações e boas-vindas na roda, começou a brincadeira. Brincamos de Gato Mia e depois de uma variação dessa brincadeira, ensinada pela Talia. Aquele que está com a venda conta até 10 enquanto todos deitam. Ele, então, tem que encontrar alguém e descobrir quem é tateando até pegar o pé da pessoa.
Foi muito divertido.
A Katia, contou a história do livro "Zeropéia". Era um centopéia que começou a amarrar os seus pezinhos, ao dar ouvidos aos animais da floresta, que diziam que ela não precisava de tantos pés assim. Ao final, ela descobriu que era feliz assim como é, com seus cem pés.
As crianças estavam bem agitadas, e queriam contar suas histórias, também.
A Laura leu algumas piadas. Ela adora contar piadas e fazer todo mundo rir.
A katia, se sentou junto com o Vitor e ajudou ele a contar a história do livro que ele escolheu "Think Bell". Como ele ainda não lê, ele criou toda a história.
Ele começou meio tímido, e depois deslanchou. Ficamos maravilhados com a sua imaginação.
Ele contruiu todo um enredo, que amarrava uma página na outra, com nomes dos personagens e tudo. A história dele ficou muito melhor do que a do livro. Ficou evidente seu talento literário nato. Mas, o mais gostoso foi ver o seu sorriso à medida que lia, e quando recebeu uma salva de palmas ao final.
Aliás, todas as crianças leram uma história mais linda que a outra, e dava gosto de ver a satisfação estampada em seus rostinhos.
O Jackson leu seu livro da "Pequena Sereia" e acompanhamos atentos cada imagem que ele descrevia e mostrava para nós, ao sabor de sua criatividade infantil.
Na última foto, dá pra ver o sorriso lindo da Talia, enquanto lia, incentivada pelo carinho da Nice, a divertida história do cachorro Pum, do livro "Quem Soltou o Pum".
Foram momentos muito especiais.
O dia realmente foi lindo, pois o Sol não brilhou apenas lá fora, mas nos rostos alegres, nos olhares vivos, nos sorrisos gostosos.
Almir
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